No Brasil,
ainda são poucos os estudos sobre o fenômeno das fábulas e dos contos de fadas
que habitam até hoje os sonhos de crianças de todas as idades.
Rico manancial
do nosso imaginário, as histórias escritas por Perrault, Andersen, os irmãos
Grimm, La Fontaine
e outros tiveram em Esopo um pioneiro na antiguidade grega.
Histórias como “A
Bela Adormecida”, “Chapeuzinho Vermelho”, “Cinderela”, “Pele de Asno”, “Barba
Azul”, “Branca de Neve”, “João e Maria”, além de serem tradicionalmente
femininas, devem sua permanência, através dos tempos, às mulheres contadoras de
histórias.
Esopo – um
grego natural da Frígia, que viveu no século VI antes de Cristo – criou inúmeras
fábulas que chegaram até nós pela tradição oral.
Nos fins do
século XVII, Charles Perrault, pesquisando contos da Idade Média, retirou-lhes
o conteúdo campesino-vulgar e deu-lhes um sabor mais refinado para o deleite da
aristocracia francesa. Na Alemanha, os irmãos Grimm, no século XIX, passaram nova
peneira e afastaram dos contos os sinais mais fortes de sexualidade, acentuando,
porém, o castigo para os malfeitores.
Com o tempo, os
contos foram passando de escritor para escritor e perdendo sua marca de
autoria, a ponto de Walt Disney, no século XX, ‘reescrevê-los’ para o cinema, e
tornar-se, para o grande público, seu único e verdadeiro autor.
Outras versões cinematográficas
foram produzidas como “My fair lady” e “Uma linda mulher” que fizeram de Audrey
Hepburn e Julia Roberts cinderelas da era moderna, e alcançando grande sucesso
nas telas. Glamurizados por Hollywood, entretanto, esses filmes são versões
adocicadas das velhas estórias, que eram quase sempre carregadas de maldade e
erotismo, razão pela qual chegaram a ser condenadas por educadores, que viam
nelas uma influência negativa para a juventude.
Contemporaneamente,
sabe-se que os jovens se preparam para a vida muito mais cedo do que antes, e
que o sofrimento e as dificuldades são verdadeiramente a ponte para a sua
transformação e progresso pessoal.
Algumas dessas
informações e outras bastante interessantes estão no livro Fiando palha, tecendo ouro –
o que os contos de fada revelam sobre as transformações na vida da mulher, de
Jean Gould (Editora Rocco), que aconselho a todos os leitores – especialmente
as mulheres –, pela consistente e criativa interpretação dos contos de fadas e
de sua relação com o universo feminino desenvolvida pela autora.
Um comentário:
Muito interessante, Joaquim!
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