12/06/2015

REFUGIADOS / REFUGEES






REFUGIADOS / REFUGEES

Joaquim Branco

De frio e fome
cobertos apenas pela chuva
eles morrem às dezenas,
vindos do país do nada
para o nada caminhando.

Contra altas cercas do tempo, este
lhes prepara armadilhas de neve
para que não cheguem
nunca a parte alguma.

Com o ônus da miséria
e da guerra, nem a ONU
lhes concede a graça
de um teto seguro,
mesmo um duro abrigo.

São exércitos sem armas,
esfomeados do século da bastança
que não tiveram paz em seus países
e que não têm mais nem ânsia
de ver as cercas farpadas que
lhes perpassam os corpos.

Caminham em paralelas
para o infinito ou para a morte
sobre os trilhos que os libertem
da difícil batalha contra a sorte.

E esperam pacientemente receber
o que lhes devemos
em decência
simplesmente
em lugar da inocência.

06-12-2015

"EXPOEMAS NO BAR" - 05-12-2015


foto Augusto Cesar





O jornalista Samuel Pereira entrevista Joaquim Branco para o site do Marcelo Lopes. Foto Augusto Cesar.


Com Maria Lúcia e Georgina Carias. Foto Augusto Cesar.



Foto Augusto Cesar.


Foto Augusto Cesar.



Foto Augusto Cesar.


Foto Augusto Cesar.


Foto Augusto Cesar.


Foto Augusto Cesar.




foto Augusto Cesar











foto Samuel Pereira


foto de Samuel Pereira



foto de Samuel Pereira


Foto Nilza Zorzi.





foto Nilza Zorzi


foto Nilza Zorzi



foto Nilza Zorzi


foto Nilza Zorzi


foto Nilza Zorzi


foto Nilza Zorzi

11/22/2015

POESIA PELO RETROVISOR


Recebo muitos livros, especialmente de poemas. Não consigo, no entanto, registrar todos, primeiro porque não tenho nem obrigação, nem coluna fixa de crítico e segundo porque o que me levanta é a vontade de dizer algo quando ela me incita a isso.

Assim procedo com o pequeno volume de Marcelo Mourão. Um jovem poeta que se autoedita – como quase todos – num país de poucas oportunidades nessa área.

"O diário do camaleão" tem a marca do poeta que já está pronto. De modo geral, todas as suas peças são regularmente de bom nível. Ou seja, dão ao autor a categoria de um trabalho genuinamente bem feito. Dito isso, vou às observações.

A primeira anotação é que Marcelo varia o diapasão ao mesmo tempo que varia acertos e quedas. Acerta quando tem paciência e vai elaborando em volta como neste "Ínfimo circular" (p. 35), ao partir da "cona", para ir ao "canto", ao"colo", "à casa" e encerrar com "à cova", fugindo do tradicional "fecho-de-ouro".

quente é a cona
onde vidas se juntam
e nova vida vem à tona

quente é o canto
]abrigo casca útero
carne que se faz manto

quente é o colo
no qual deito, choro
e durmo em acalantos

quente é a casa
onde caibo e cabe
toda a minha emoção

quente é a cova
que lembra fim
mas é continuação
(p. 35)

Ou neste "Presença" em que recria a 'parceria' feminina com leveza e trabalho de artesanato nos versos, terminando irretocavalmente ao puxar um intertexto: "foi então que aprendi; vão-se as folhas, fica a raiz" (p. 30)

Logo a seguir, em "Opção" e "Sólido e gasoso", 2 micropoemas, a sintaxe econômica alivia o possível peso do discurso poético que poderia advir das temáticas respectivas:

OPÇÃO
acolho
escolhas

despejo
despojos

sou poesia
até os ossos

SÓLIDO E GASOSO
viver é deus
morrer é homem
a arte fica
o tempo some
(p. 31)

Nos poucos poemas de linha social como em "Noturno", o poeta mantém a estrutura e a dicção certeira: "carros aceleram/ assaltos no sinal/ um homem come lixo/ feito bicho, animal/ arrasta a cruz de ser/ resto do resto social. (p. 43)

E em "Cada um em seu quadrado", depois de trabalhar corretamente, encerra bem seu tema: "a elite toca o país/ como toca seus negócios./ ao povo, resta embriagar-se/ com os mesmos velhos ópios." (p. 56)

Resta um lembrete sobre o que chamei de "quedas" no 4º parágrafo. O poeta deve se despreocupar com explicações para o leitor. Deixe que ele se vire como puder. O poema é uma síntese e só a ele o poeta deve ser fiel.

Lembrando a linha qualitativa do autor, fico com este "Fé demais" (que traz um cacófato proposital no título) e estampa a ironia na lapela:

antes
o pastor livrava do lobo
as suas ovelhas.

agora
é o próprio lobo
quem as pastoreia
(p. 51)

Ou com este "Implosão" em que o poético pede ajuda ao propositadamente prosaico para redimensionar a emoção:

hoje só olho em frente
e esqueço o retrovisor.
(p. 33)



9/23/2015

EXEMPLO DAS AVES







O Google não anuncia hoje
o início do outono
no hemisfério norte,
mas comemoramos aqui
no sul a vinda da primavera
como se tudo fossem flores.

É que à margem do calor
sobra sempre um copo de luz
pra gente viajar à estreiteza
de horizontes sem dor.

Enquanto lá só alguns pássaros
gorjeiam, os de cá cantam e dançam
de galho em galho, em si
na mesma clave do sol.

Lá e aqui prepara-se o inverno e o verão
no único tempo em que as estações
se veem na contingência de ser
as mesmas e tão desiguais.
O frio que se vai de uma
ameniza o calor que vem para a outra.

Notem a paciência das aves
que buscam o tempo e o lugar
para viver, em voos transversos
que atravessam ventos e continentes,
até encontrar a vida
que pediram a Deus.

23-09-2015

9/20/2015

PÍLULAS DE POESIA




1. O segredo (do poeta) é a arma do negócio (poético). “Trouxeste a chave?”, perguntaria o vate mineiro.

2. Os poemas à amada, o poeta faz é pra ele mesmo, porque, desde as cantigas de amor, eles (os poemas) de nada valeram, pois elas (as amadas) não ligaram lhufas para poesia.

3. Sousândrade, quando fez o "Inferno de Wall Street", não anteviu as transas de Watergate.

4. A pedra no caminho corresponde à montanha bíblica. Hoje a pedra ainda está no caminho e a montanha é apenas uma hipérbole.

5. Quanto maior o poeta (de uma escola literária) maior é o tombo (na escola seguinte).

6. A turris eburnea de que falavam os parnasianos se resume hoje a uma modesta torre de tv, para que os poetas sintonizem a máxima poundiana de que “os poetas são as antenas da raça”.

7. Quanto mais brilho tiver a metáfora, maiores méritos terá o lustrador de tropos.

8. O poeta não é um nefelibata, mas um aeronauta do improvável.

9. Na estrada de Sintra, Fernando Pessoa e Sá Carneiro entoaram os primeiros falsetes musicais: ui! ai! ui! ui!

10. Atirar pedras na vidraça de CDA não é mais revolucionário do que fritar bolinhos, não é, garotões de 45?

11. Para realizar a educação pela pedra precisa-se começar como engenheiro da pedra do sono. No final, todos serão cães sem plumas.

12. O poeta que resolver tomar cicuta, como o velho sábio grego, é porque não tem medo de certas rimas raras...

13. Os Rolling Stones foram os únicos artistas que conseguiram realmente remover a pedra do caminho. Rolling... rolling... stones...

(texto do autor, refundido do original publicado no SLMG de 9.8.1975)

8/01/2015

O VOO DO POETA



O poeta Wlademir Dias-Pino

Finalmente, edita-se um livro à altura da obra do poeta Wlademir Dias Pino, esse pioneiro na luta pela nova perspectiva do poema como objeto contemporâneo.
É o volume Poesia/Poema, organizado pelos professores Rogério Camara e Priscilla Martins, editado pela Estereográfica, com apoio da Funarte e do Ministério da Cultura.


Uma edição em cores, em papel cuchê, formato horizontal, contém momentos principais da obra de Wlademir, com notas esclarecedoras e entrevistas que fundamentam o trabalho de toda uma vida dedicada à arte.
A capa traz perfurações diversas que formam o primeiro poema do livro e dá uma mostra do que virá nas demais páginas.



Desde alguns poemas ainda discursivos do início das atividades de WDP até os poemas concretos e os poemas//processo que marcam sua evolução através dos tempos.
Por isso, divide-se a obra em 3 partes: apresentação, poesia concreta e poema//processo.
O trabalho editorial do livro é tão complexo que inclui também os poemas destacáveis cujas partes podem ser descoladas da página, saltando das mãos e aos olhos do leitor.




Há também folhas que se desdobram do corpo do livro para formar grandes quadros como o que mostra a trajetória de uma obra em intenso processo/progresso à medida que avançam suas experiências.




Um lançamento nada comercial, e por isso mesmo essencial para poetas, críticos, professores e leitores que pretendem entender o nosso tempo e a nossa arte.






Rogério Camara é professor da UnB, no departamento de Design e pós-graduações em Artes e Design.
Pricilla Martins é mestranda em PPG-Artes da Ufes.
São os organizadores da obra.




7/19/2015

ANTIGAS FAMÍLIAS CATAGUASENSES - Os Passeado, Miranda, Tinoco, Branco, Coutinho, Ponchant, Barbosa e outras

Como se sabe, as famílias se cruzam ao longo do tempo. Portanto, a família Passeado se cruzou com os Miranda, Tinoco Santos, Coutinho, Barbosa, Branco Ribeiro, Ponchant e muitas outras.
A seguir, algumas fotos antigas e recentes desse entrecruzamento:


Cirilo Passeado e Leocádia Barbosa Passeado e seus filhos e D. Chiquinha (mãe de Cirilo).


Minha mãe Ruymar Branco Ribeiro (Miranda Passeado), eu e minha avó Mariquinhas Passeado Miranda.


Achilles Hércules de Miranda, meu bisavô por parte de mãe, fundador de um colégio em Leopoldina e do Colégio Lafaiete no Rio de Janeiro. Professor de várias matérias em Leopoldina e no Rio. Traduziu as "Fábulas de La Fontaine" para o português.


Joaquim, Pedro e Aquiles na década de 1940 no estúdio de Eva Comello.


O vascaíno Joaquim ladeado pelo zagueiro da seleção brasileira de 1950 Augusto e sua noiva, no apartamento de minha tia Lourdes, no Rio.


Sonia, Maria Antônia e Pedro.


Dona Chiquinha, minha trisavó, casada com o escrivão tenente Jacinto Passeado.


Dona Lourdes Padilha Guimarães, nossa prima, e eu.


Ruymar e Joaquim em foto no dia do casamento.


Elisa, vovó Mariquinhas, eu; Pedro, Ricardo e Aquiles.


Sonia, Natália, eu, Eugênia, Maria Antônia.


Tenente Jacinto Passeado, meu trisavó, 1º escrivão de Órfãos de Cataguases.


Parentes de além-mar: vô Pedro, vó Delfina e netos (Freguesia de Galegos, Portugal).


Tia Lucília em visita ao Brasil com meus pais.


O jovem Branco Ribeiro.


A prima Heloísa Passeado, ex-Miss Juiz de Fora.


Mãe, vó Mariquinhas e tia Namur.


Família reunida na casa do Pedro, Ecila e filhos.


Tios Tirinho e Dalila.



Vó Mariquinhas, mãe, bisavó Cacá, Ecila, tia Namur e os meninos Pedro e Joaquim (anos de 1940)



Mariana, Ângela, Danielle Ponchant e Sonia, na França.


Casamento de Maria Antônia e Patrice Ponchant.


Maria Alice Ribeiro Ponchant.