1/26/2010

DO SERMÃO DA MONTANHA AO COMPUTADOR



DO SERMÃO DA MONTANHA AO COMPUTADOR

JOAQUIM BRANCO

Mais uma vez as professoras e teóricas de literatura Marisa Lajolo e Regina Zilberman se unem para uma empreitada em torno da leitura e do discurso literário. Depois de uma série que conta A formação da leitura no Brasil (1996), Do mundo da leitura para a leitura do mundo (1999), O preço da leitura (2001), Histórias de quadros e leitores (2006), todos inestimáveis contribuições à cultura brasileira, desta vez o trabalho intitula-se Das tábuas da lei à tela do computador – a leitura em seus discursos (Editora Ática, 176 páginas, 2009).

Dividido em 10 capítulos, com apresentação convidativa de Carlos Vogt, este novo livro traça um vasto e apurado painel que começa com “A arqueologia da leitura” e termina com “A letra da lei no Livro dos Livros”, englobando temas como a leitura digital, oralidade e escrita, a escrita das cartas, o feminino, a escola, os jornais e o texto bíblico.

A pesquisa contém informações preciosas sobre o tema em suas variadas acepções, e os dados obtidos são tão pertinentes e curiosos que fica difícil destacar um capítulo. Mesmo assim, chamo a atenção para o capítulo nº 5 – “Cartas de amor são ridículas?”, em que as autoras se concentram nos tempos da tragédia grega e do poeta latino Ovídio – e para o de nº 10 – que comenta as Sagradas Escrituras, acentuando o cruzamento de discursos entre o Senhor e seus profetas.

A fluência e o caráter agradável do texto de Marisa Lajolo e Regina Zilberman conduzem-nos a um universo de informações dificilmente encontrável em um pequeno volume de menos de 200 páginas, tornando-o leitura indicada não só para estudantes e professores de Literatura, como também para todos os leitores.

1/15/2010

POEMA DE LUIZ MARTINS DA SILVA

Hai de nós em Haiti

Luiz Martins da Silva (*)


Ai de ti, Haiti,

se não estivermos lá,

se não fores aqui.

Agora, por certo, sabia

quando cantava o poeta

do ser aqui o Haiti.

Pesa o dele, o dedo,

de Deus quando a si

chama os seus.

Pouco sabemos aqui

e agora sobre o porque

o como e a hora,

pois, vi-vendo cada segundo

é que seremos primeiros

a saber de si,

mas, se outros não soubermos,

pior do que eles sofrerem

será se não os sentirmos.

* Poeta residente em Brasília, autor de vários livros.