11/16/2023

CONVITE PARA EXPÔ DE REVISTAS DE ARTE DO BRASIL

Convite recebido ontem - 15-11-2023 - do curador do Espaço Líquido, de São Paulo, Amir Brito Cadôr, para uma exposição de Revistas de Artistas do Brasil:

11/13/2023

CATAGUASES, FUNDAÇÃO HISTÓRICA

Situada no sudeste mineiro, na região da Zona da Mata, Cataguases tem cerca 495 km2 de área e fica a 167 metros de altitude. Tradicionalmente sua importância econômica está ligada ao seu parque industrial de tecidos, mas cada vez mais se confirma que o principal foco de interesse e de atração mesmo é a cultura. Isso se deve à projeção que o Movimento Verde na literatura e o pioneirismo de Humberto Mauro no cinema lhe deram, transformando-a em pólo artístico e cultural a partir de meados da década de 1920, com continuação em ciclos subsequentes.
A cidade surgiu como povoação por volta de 1828, quando chegaram os primeiros colonizadores, liderados pelo francês Guido Marlière, nomeado coronel-comandante das Divisões Militares do Rio Doce e encarregado da catequese dos índios pelo imperador dom Pedro I. Na ocasião, um dos habitantes da região, o sargento de ordenanças Henrique José de Azevedo, doou boa extensão de terras à Província de Minas Gerais e, junto com Marlière, demarcou o território da povoação de Meia Pataca. A produção de ouro em Minas, que começara a decair em finais do século XVIII, chegava à exaustão, e o governo, que já rompera “a interdição da floresta atlântica”, a partir de 1814, viu os primeiros deslocamentos humanos partirem para a Zona da Mata.
Somente em 1842, vindo de Lagoa Dourada, chegou à região para se estabelecer o fazendeiro Joaquim Vieira da Silva Pinto, conhecido mais tarde como Major Vieira. Fixou-se no Glória, com sua família, onde construiu a sede da Fazenda do Glória e criou um respeitável patriarcado com a participação dos vários ramos de sua família, em que os principais eram os Vieira-Resende e os Dutra-Nicácio. Ocorreu intenso progresso ao seu redor e sob sua orientação, especialmente pelas plantações de café, que atraíram outros sitiantes e fazendeiros em busca do “novo Eldorado – a Zona da Mata”. Impulsionada pela agricultura – em especial, o café – a cidade progredia ainda em pleno século XIX, e o novo chefe político, o coronel Vieira, demonstrando ter preocupações culturais, enviou seis de seus filhos para o famoso Colégio do Caraça e um para o Colégio Militar. Tornaram-se mais tarde grandes advogados e depois juristas de renome.
O primeiro trem-de-ferro e o telégrafo chegaram em 1877, com a elevação da vila a município. No ano seguinte, foi criada a primeira loja maçônica: ‘A Flor da Viúva’. Em 1893, com a eclosão no Rio de Janeiro da Revolta da Armada, milhares de pessoas tiveram que abandonar a capital federal, perseguidos pelo governo do Presidente Floriano Peixoto. Nessa época dirigiram-se para Cataguases figuras ilustres como o poeta Osório Duque Estrada, a família do Almirante Saldanha da Gama, Quintino Bocaiúva, a professora portuguesa Carolina Webster e seu marido, o inglês Denis Webster, e muitos outros professores, que passaram a exercer influência na cidade, fundando colégios e jornais e desenvolvendo o gosto pelo teatro e os saraus.
Florescia no município um grupo de advogados e juristas, ampliou-se o comércio, multiplicaram-se os jornais como O Povo, O Popular, Eco de Cataguases, O Agricultor, A Quimera, e apareceram duas publicações maiores: a Revista do Interior (1915) e a Revista da Mata (1917). Outro marco significativo foi a inauguração, em 1896, do Teatro Recreio, que, mais tarde, se transformou em cine-teatro. Ali eram representadas peças de companhias do Rio de Janeiro e também de autores locais, e porteriormente filmes.
O representante cataguasense na Câmara de Deputados – Astolfo Dutra – foi reeleito presidente por seis legislaturas. Em 1910, os portugueses Manuel Inácio Peixoto e João Duarte Ferreira fundaram o Ginásio Municipal, que tornou-se, dirigido por Antônio Amaro, uma instituição de nome em toda a região. Quatro anos depois, dentro do colégio, surgiu o Grêmio Literário Machado de Assis, em cujas sessões iniciaram suas experiências os integrantes do que seria mais tarde o Movimento Verde na literatura.
Todos esses eventos – e outros que escapam a esse resumo – antecederam o destino de Cataguases para a cultura. No entanto, foi com o trabalho dos ‘verdes’ – no grêmio, nos jornais e revistas – que aconteceu a ruptura com a velha ordem para se instalar o Modernismo em Cataguases. A ação desenvolvida pelo grupo deveu-se à ação de cada um dos participantes do movimento, desde meados dos anos 20: Ascânio Lopes, Camilo Soares, Francisco Inácio Peixoto, Rosário Fusco, Enrique de Resende, Christophoro Fonte-Boa, Martins Mendes, Oswaldo Abritta e Guilhermino César. Sua atividade se dividia em quatro jornais principais: "Mercúrio" (da Associação dos Empregados do Comércio), "Jazz-Band", "O Estudante" e "Cataguases", que foram o tubo de ensaio para a criação da Revista Verde, que viria em 1927