1/30/2008

GRANDE HOTEL VILLAS

HOTEL VILLAS - Fundado em 1895, o prédio foi conservado com a mesma estrutura e aspecto até os nossos dias pela família Villas e seus descendentes. Foi o primeiro hotel de Cataguases, situado em frente à estação ferroviária para atender os viajantes que chegavam de trem. (foto da década de 1920, recuperada por Eugênia Branco em 2008)

1/26/2008

VIAGEM - poema de Guilhermino César



VIAGEM


O destino? Cataguases.
Quero depressa chegar.
O motivo da viagem
não é segredo nenhum,
virá nas folhas de cá:
- Embarco pra Cataguases,
que lá me vão enterrar.

Por favor, façam depressa
o transporte para o chão
do meu corpo e seu fedor.
Não deixem pelo caminho
mazelas que foram minhas,
herói de infeliz amor.

Me arquivem logo no chão,
no frio barro vermelho
do outro lado do rio,
um pouco depois da ponte
(com licença do Ouvidor).

Cubram, idem, o monturo
com pedra, areia e cimento,
mas não deixem nenhum brilho,
nenhum sinal exterior
que inda aos pássaros engane,
que a visitas e coveiros,
jornalistas e parentes
recorde o silêncio escuro
em que dormindo me fique.

Depois, me larguem, me olvidem.
Que eu seja bem digerido
pelo chão de Cataguases,
reino de Minas, Brasil.

(in "Lira Coimbrã e Portulano de Lisboa",
Livraria Almedina, Lisboa 1965)

(ilustração de Maria Antônia A. Rodrigues)

GUILHERMINO CÉSAR


Guilhermino César (1908-1993)

Participou do Movimento Verde nos anos 20, em Cataguases. Poeta, crítico, romancista e professor universitário. Autor de vários livros como Lira Coimbrã e Portulano de Lisboa, Cantos do canto chorado. Fez carreira como professor na UFRGS, em Porto Alegre, e, como professor visitante, fundou a cadeira de Literatura Brasileira na Universidade de Coimbra, em Portugal, onde esteve por 4 anos. Neste ano, comemora-se o Centenário de Guilhermino César com inúmeros eventos aquém e além-mar.