12/21/2023

O PRIMEIRO LIVRO SOBRE A REVISTA VERDE DE 1927

Minha tese de Mestrado no CES/JF, este foi o primeiro estudo acadêmico sobre o Movimento Verde de Cataguases ocorrido em 1927, e considerado uma das vertentes do Modernismo no interior do país.

12/08/2023

O 1º SUPLEMENTO LITERÁRIO: SL/D (Suplemento/Literatura/Difusão) - 1968

No dia 08/03/1968, o jornal "Cataguases" anunciava a criação do suplemento SL/D (Suplemento Literatura Difusão) com novidades literárias. O entusiasmado texto era de Eli Barbosa, então redator-chefe do jornal, intelectual que deu guarida às novas ideias que surgiam na época. E esse apoio foi primordial para que desenvolvêssemos vários números subsequentes. Foto Adriana Monteiro.

NOSSO 1º JORNAL - "O MURO" - de 1961 a 1962

Há pouco mais de 60 anos, o grupo Totem editava seu 1º jornal. Era assim que os movimentos começavam. Era uma publicação mimeografada, com as restrições tipográficas e financeiras da época, todos estudantes e muito jovens. Mas conseguimos tirar 11 números pela teimosia e vontade de escrever. O título, inspirado num livro de Jean-Paul Sartre, já demonstrava a que veio.

12/03/2023

O POEMA QUE VIROU MÚSICA

O POEMA QUE VIROU MÚSICA Joaquim Branco. A Arte quase sempre nos engana, ou melhor, percorre caminhos inauditos, até inimagináveis. Assim aconteceu com o poema “Certeza da morte”, escrito provavelmente em 1928 por Ascanio Lopes (1906-1929), em apenas 6 versos, e incluído pelo autor na série “Sanatório”. Ascanio estaria internado numa clínica nas proximidades de Belo Horizonte, em tratamento de tuberculose, na época uma doença incurável. Seu sofrimento perpassa vários poemas premonitórios e de preparação para sua morte aos 22 anos. Pois eis que esse poema ficou mais ou menos inédito até 1967, quando o poeta-crítico Delson Gonçalves teve a feliz ideia de editar um livro com a obra de Ascanio acompanhado de preciosos comentários críticos e biográficos. Praticamente essa edição foi a que fez chegar até nós, cataguasenses, a obra de Ascanio Lopes. Agora, muitos anos depois, um trio se reúne e transforma “Certeza da morte” em música: Vanderlei Pequeno (música), Juca Fusco (voz) e Ezequiel Sabino (arranjos) realizam um trabalho digno de Ascanio Lopes e com rara sensibilidade nos entregam o poema revisitado musicalmente. Eis o poema: CERTEZA DA MORTE Ascanio Lopes. Eu sei... Eu sei... Mas não choro, nem clamo. O pranto é amargo e inútil e meu clamor não alcançaria o céu. Nem desespero: de nada vale o desespero, ante as coisas irremediáveis.

NATAL EM GAZA

Em dezembro de 2016, publiquei o poema "Natal em Aleppo", interpretando o cerco a essa cidade e a situação terrível dos seus habitantes. Agora, em dezembro de 2023, retratando os horrores que se passam na Faixa de Gaza, no mesmo Oriente Médio, tive apenas que mexer no título do poema para "Natal em Gaza". O terror é o mesmo, infelizmente.

11/16/2023

CONVITE PARA EXPÔ DE REVISTAS DE ARTE DO BRASIL

Convite recebido ontem - 15-11-2023 - do curador do Espaço Líquido, de São Paulo, Amir Brito Cadôr, para uma exposição de Revistas de Artistas do Brasil:

11/13/2023

CATAGUASES, FUNDAÇÃO HISTÓRICA

Situada no sudeste mineiro, na região da Zona da Mata, Cataguases tem cerca 495 km2 de área e fica a 167 metros de altitude. Tradicionalmente sua importância econômica está ligada ao seu parque industrial de tecidos, mas cada vez mais se confirma que o principal foco de interesse e de atração mesmo é a cultura. Isso se deve à projeção que o Movimento Verde na literatura e o pioneirismo de Humberto Mauro no cinema lhe deram, transformando-a em pólo artístico e cultural a partir de meados da década de 1920, com continuação em ciclos subsequentes.
A cidade surgiu como povoação por volta de 1828, quando chegaram os primeiros colonizadores, liderados pelo francês Guido Marlière, nomeado coronel-comandante das Divisões Militares do Rio Doce e encarregado da catequese dos índios pelo imperador dom Pedro I. Na ocasião, um dos habitantes da região, o sargento de ordenanças Henrique José de Azevedo, doou boa extensão de terras à Província de Minas Gerais e, junto com Marlière, demarcou o território da povoação de Meia Pataca. A produção de ouro em Minas, que começara a decair em finais do século XVIII, chegava à exaustão, e o governo, que já rompera “a interdição da floresta atlântica”, a partir de 1814, viu os primeiros deslocamentos humanos partirem para a Zona da Mata.
Somente em 1842, vindo de Lagoa Dourada, chegou à região para se estabelecer o fazendeiro Joaquim Vieira da Silva Pinto, conhecido mais tarde como Major Vieira. Fixou-se no Glória, com sua família, onde construiu a sede da Fazenda do Glória e criou um respeitável patriarcado com a participação dos vários ramos de sua família, em que os principais eram os Vieira-Resende e os Dutra-Nicácio. Ocorreu intenso progresso ao seu redor e sob sua orientação, especialmente pelas plantações de café, que atraíram outros sitiantes e fazendeiros em busca do “novo Eldorado – a Zona da Mata”. Impulsionada pela agricultura – em especial, o café – a cidade progredia ainda em pleno século XIX, e o novo chefe político, o coronel Vieira, demonstrando ter preocupações culturais, enviou seis de seus filhos para o famoso Colégio do Caraça e um para o Colégio Militar. Tornaram-se mais tarde grandes advogados e depois juristas de renome.
O primeiro trem-de-ferro e o telégrafo chegaram em 1877, com a elevação da vila a município. No ano seguinte, foi criada a primeira loja maçônica: ‘A Flor da Viúva’. Em 1893, com a eclosão no Rio de Janeiro da Revolta da Armada, milhares de pessoas tiveram que abandonar a capital federal, perseguidos pelo governo do Presidente Floriano Peixoto. Nessa época dirigiram-se para Cataguases figuras ilustres como o poeta Osório Duque Estrada, a família do Almirante Saldanha da Gama, Quintino Bocaiúva, a professora portuguesa Carolina Webster e seu marido, o inglês Denis Webster, e muitos outros professores, que passaram a exercer influência na cidade, fundando colégios e jornais e desenvolvendo o gosto pelo teatro e os saraus.
Florescia no município um grupo de advogados e juristas, ampliou-se o comércio, multiplicaram-se os jornais como O Povo, O Popular, Eco de Cataguases, O Agricultor, A Quimera, e apareceram duas publicações maiores: a Revista do Interior (1915) e a Revista da Mata (1917). Outro marco significativo foi a inauguração, em 1896, do Teatro Recreio, que, mais tarde, se transformou em cine-teatro. Ali eram representadas peças de companhias do Rio de Janeiro e também de autores locais, e porteriormente filmes.
O representante cataguasense na Câmara de Deputados – Astolfo Dutra – foi reeleito presidente por seis legislaturas. Em 1910, os portugueses Manuel Inácio Peixoto e João Duarte Ferreira fundaram o Ginásio Municipal, que tornou-se, dirigido por Antônio Amaro, uma instituição de nome em toda a região. Quatro anos depois, dentro do colégio, surgiu o Grêmio Literário Machado de Assis, em cujas sessões iniciaram suas experiências os integrantes do que seria mais tarde o Movimento Verde na literatura.
Todos esses eventos – e outros que escapam a esse resumo – antecederam o destino de Cataguases para a cultura. No entanto, foi com o trabalho dos ‘verdes’ – no grêmio, nos jornais e revistas – que aconteceu a ruptura com a velha ordem para se instalar o Modernismo em Cataguases. A ação desenvolvida pelo grupo deveu-se à ação de cada um dos participantes do movimento, desde meados dos anos 20: Ascânio Lopes, Camilo Soares, Francisco Inácio Peixoto, Rosário Fusco, Enrique de Resende, Christophoro Fonte-Boa, Martins Mendes, Oswaldo Abritta e Guilhermino César. Sua atividade se dividia em quatro jornais principais: "Mercúrio" (da Associação dos Empregados do Comércio), "Jazz-Band", "O Estudante" e "Cataguases", que foram o tubo de ensaio para a criação da Revista Verde, que viria em 1927

10/22/2023

DIALOGUE/WAR

Mário Faustino no Dia do Poeta - 20-10-2023

No DIA DO POETA (20 de outubro de 2023), a homenagem é para o grande poeta Mário Faustino, morto prematuramente em 1962 num desastre aéreo a 5 minutos do aeroporto de Lima. O poema de Faustino enfoca personagens conflitantes da História que se reconciliariam num futuro imaginado poeticamente. Sua temática é bem a propósito do lamentável momento atual de guerras.

7/15/2023

A FICÇÃO X O REAL - Joaquim Branco

A FICÇÃO X O REAL Confesso que, quando peguei para ler as impressões do escritor Autran Dourado sobre os tempos de JK, foi mais por um ato instintivo ou mesmo vício de leitura, pois o livro acabara de chegar pelo correio e meu interesse era mínimo. Mas a Gaiola aberta (esse, o título) foi me levando pra dentro de suas páginas e quando vi estava chegando ao final, e com aquela sensação de quem quer mais. Não apenas os bastidores dos governos de Juscelino Kubitschek (o estadual em Minas e o federal), que são narrados do ponto de vista de seu secretário Autran Dourado (eu desconhecia esse e muitos outros fatos) e vão prendendo o leitor, mas sente-se ora e vez a mão do ficcionista – então um principiante – amassando o barro, destilando a ironia, mexendo com personagens reais e vivenciando a narrativa com um savoir-faire de quem é do ramo. No ir e vir das reflexões e lembranças do autor – muitas vezes rompendo a cronologia dos fatos, para intercalar particularidades interessantes – podem-se ver de perto a figura do poeta Augusto Frederico Schmidt, as cenas palacianas com o presidente JK, as reuniões formais e as informais, as correrias e providências para contornar situações difíceis, o cerimonial que cerca a diplomacia, o pitoresco e até o burlesco presenciados por Autran. Do elenco das cenas e acontecimentos, vem a primeiro plano o poeta Schmidt (hoje tão esquecido, mas muito admirado pelo autor) e suas rocambolescas aventuras pela política, talvez pelo arroubo exagerado das atitudes; o fraco de Juscelino pelos escritores, dos quais vivia constantemente cercado; a politiquice, o puxa-saquismo e o ridículo das pessoas rodeando o poder e muitos outros aspectos da política nacional, incluindo um torcer de nariz, por parte do autor, ao lado esquerdista da história brasileira. O livro é uma viagem aos anos 50 só que ciceroneada por um guia muito especial, na época, um assessor de imprensa do presidente JK, que viria a se tornar mais tarde o grande romancista mineiro Autran Dourado, "vivendo" uma aventura incrível como quase um anônimo ou apenas um rapaz de talento como tantos outros. Gaiola aberta - Tempos de JK e Schmidt (222 pp.). Editora Rocco - Rio de Janeiro.

DIÁLOGOS REPUBLICANOS Nº 12

Diálogos republicanos nº 12 Joaquim Branco - O que é uma ditadura? - Imagine uma noite escura. - Sim. Estou imaginando. - Mais escura ainda. - Tá. - Infinitamente escura. - Aham. - Aperte os olhos. Force mais. - Está escuro demais. Não vejo mais nada. - É isso aí. - Onde você está?? Acenda a luz!!!! Socorro!!! 10-05-2020

BLACK&WHITE - poema visual Joaquim Branco

4/22/2023

INCONFIDÊNCIAS POÉTICAS

 

INCONFIDÊNCIAS POÉTICAS

 Joaquim Branco

 

Rola o tempo da gastança

em que a abundância do ouro

fazia antes as despesas del rei,

e dos governadores da província

das Minas e dos comerciantes.

 

Ainda chora Marília de amores

perdida pelo Ouvidor

de dores poéticas nas esquinas,

becos e descidas de Vila Rica,

esquecidas na beleza de Bárbara

que fazia os encantos de Alvarenga

com sua arenga de doutor das leis.

“Bárbara bela/ do norte estrela

que meu destino/ sabes guiar....”

 

1200 arrobas anuais do quinto do ouro

vão para Lisboa em caixotes

mas o ouro acabou, disse o minerador.

Enquanto as colônias inglesas da América

mal disfarçam sua vitória,

a nossa inglória terra paga

ainda os impostos com o que não tinha.

 

Fantasmas do Marquês de Pombal

e Cláudio Manuel cochicham nadas

na Casa de Ópera de dona Josefa

e veneram uma relíquia sagrada.

 

Muitos escondem os diamantes no contrabando,

em troca do silêncio dos Dragões do Regimento.

 

Reuniões em salas secretas se fazem

enquanto Silvério os troca por míseros réis

e Gonzaga espanta o medo no favor

amoroso de dias futuros e fagueiros

e Marília sonha com o poeta-pastor.

 

De repente, o sublimado passou

o sonhado, e o esperado não virou ato.

E Tiradentes?

Este, coitado, teve o maior castigo

e a maldição dos muitos inimigos.

 

21-04-2023

 

3/18/2023

POEMÀCIDADE - Joaquim Branco

SUAVE É A NOITE DA POESIA Para a sexta-feira passada (3-3-2023), o Restaurante Iguaria Gourmet preparou um cardápio inédito para os aficcionados da cultura: um evento com literatura e fotografias. Na parede, quadros com fotos e poemas sobre Cataguases e nas mesas e bancadas o relançamento da "Pequena História da Fundação de Cataguases". O resultado foi um agradável encontro com pessoas que eu não via há tempos, outras que são 'habituées' nesses eventos e a surpresa de conhecer um novo público ávido por leituras literárias e históricas. Seguem fotos do evento. Haverá outras fotos à medida que me sejam enviadas. O título desta materinha é uma homenagem ao meu irmão Pedro que escreveu sobre outro livro meu e intitulou: "Suave é a noite do Consumo" (o livro era o "Consumito")(JB).