5/27/2013

UM CASO E MUITAS HISTÓRIAS

Pela segunda vez, Fernando Abritta participa da Lei Murilo Mendes, da Funalfa em Juiz de Fora, e desta vez para produzir uma obra singular, em duas versões: uma escrita e outra falada, já que se trata de um audiobook (o livro mais um CD com as falas do texto). O livro infantojuvenil intitula-se “O caso da menina que perdeu a voz”.
Outra novidade: Fernando criou os desenhos e depois estes foram bordados em ponto- cruz e em cores, por Josenira Correa, Lígia Maria Soares e Lígia M. Quaglio, e, a seguir, fotografados por Kempton Viana. Assim, o resultado plástico-visual deixa entrever a ilusão de uma gramatura especial para a visão do leitor.
A boa apresentação de Antonio Jaime completa o trabalho, realçando o roteiro das aventuras e as características da história.
No enredo, os personagens – crianças e bichos – saem em busca da voz que a Menina perdeu, numa viagem aflita e solidária, e passam por muitas reviravoltas e situações. Pelo caminho, outros personagens vão contando histórias imaginosas ao correr dos obstáculos vencidos, e frases bem achadas refletem o nível do texto, que “sobe” nesses momentos poéticos:
“Será que existe um lugar onde as vozes se escondem? Moleque com a boca cheia, respondia: – Vozes ou palavras?” (p. 18)
“Eu conheço uma árvore onde tudo fica guardado” (p. 19)
“Era cajueiro nas folhas e galhos. Não era cajueiro porque dava mangas, abacates, caquis, toda espécie de frutas, todas maduras e saborosas” (p. 21)
“Passeou ouvidos nos cantos dos pássaros.” (p. 21)
“Precisamos achar a voz perdida.” (p. 22)
“Lá todos os tempos são no presente. Lá tem sol e chuva no mesmo momento. Lá, o vento permite voar até onde falta ar, bem perto de Deus.” (p. 23)
“E o vento leve soprando rostos dos garotos, penteando cabelos.” (p. 26)
“Na Montanha não havia sinal algum da voz de Menina. A única coisa parecida com uma pista era a frase.” (p. 27)
A metáfora – no seu aspecto mais genérico – enforma o discurso ficcional de Fernando Abritta, neste “O caso da menina que perdeu a voz” e as vozes de que se utiliza o texto literário podem, no fundo, representar a própria procura do autor como representação metalinguística da obra.

A voz que se perde e se quer reconquistar, a fala que faltou ou que desapareceu no tempo, a essencialidade do discurso para o homem – tudo isso importa muito e constitui o sentido metafórico que o autor procurou tematizar neste livro pleno de ação e criação. 
Em Cataguases, o lançamento será no dia 7 de junho de 2013, a partir de 19 h, na Chácara D. Catarina. (foto do autor: Paulo Gama)

5/22/2013

IDOS DE 1930 – FICÇÃO E POESIA


Henriqueta Lisboa


Recebi, para opinar, Literatura brasileira – 1930, organizado por Andréa Sirihal Werkema, José Américo Miranda, Maria Cecília Boechat e Silvana Maria Pessoa de Oliveira, contendo ensaios de diversos professores-autores acadêmicos (Editora UFMG). São trabalhos ensejados pelo II Seminário de Pesquisas em Literatura Brasileira, promovido pela Faculdade de Letras da Universidade Federal de Minas Gerais.

Pelo título, se vê que a abordagem é a segunda fase do Modernismo que se convencionou chamar “Romance de 30”, mas o volume é mais abrangente em todos os sentidos e compreende também a poesia que se produziu naquele período.
Portanto, trata-se de um trabalho imprescindível a quem quer ter uma minuciosa análise das obras e autores da época.

Divide-se o livro em três partes: “Ficção de 1930”, “Intervalo lírico” e “Poesia de 1930”.
Na 1ª, surgem os grandes ficcionistas: Graciliano Ramos, Oswald de Andrade, Lúcio Cardoso, Cyro dos Anjos e Eduardo Frieiro, sem deixar de comentar sobre os demais autores do ciclo. A 2ª e a 3ª parte relacionam poetas que se distinguiram: Drummond, Jorge de Lima, Henriqueta Lisboa, Murilo Mendes e outros.

O livro começa bem com o artigo de Luís Bueno abordando a “Divisão e unidade no romance de 30”, numa bem formulada colocação do problema, ao comentar, entre outros itens, sobre a divisão dos romancistas em intimistas e sociais e o seu realismo focado em 1ª e 3ª pessoa, para concluir por uma unidade e uma tensão em que as linhas de ambas tendências se mesclam no que ele chama de “embaralhamento”.

Chamo a atenção também para o texto de Ângela Vaz Leão, sobre “Henriqueta Lisboa em mais de uma voz”, quando se misturam as vozes da amiga e admiradora com a da crítica literária para compor um retrato muito pessoal e ao mesmo tempo verdadeiro de uma poeta tão pouco valorizada no Brasil.

Em “Jorge de Lima: a fé e a febre da poesia”, Raimundo Carvalho fala de um poeta pouco analisado no país e que merece estar entre os primeiros do Modernismo pela “abertura de novos territórios poéticos” (p. 303). Pena que o ensaísta não se aventurou pela obra mais importante de Jorge de Lima – Invenção de Orfeu. Mas isso demandaria outro ensaio crítico.

Não caberia aqui comentar sobre todos os ensaios do livro, portanto ficam essas  considerações mais como aperitivo para a leitura maior dos demais trabalhos desta significativa antologia crítica da Editora UFMG.

NA REVISTA DA PREVI


REVISTA PREVI
Categoria: Artes
Subcategoria: Prosa e Verso

LITERATURA INTENSA

Aposentado lança obra que conta sobre movimento artístico que provocou mudanças culturais

O mineiro de Cataguases (MG) Joaquim Branco trabalhou no Banco do Brasil (BB) por 30 anos. Em 1992, se aposentou. Foi nesse momento que ele passou a ter uma vida profissional mais voltada à universidade. Dedicou-se ao doutorado em Letras pela Universidade Estadual do Rio de Janeiro (UERJ). Hoje, leciona nas Faculdades Integradas de Cataguases.

Produção literária intensa
O funcionário do BB sempre teve uma ligação muito intensa com a literatura. Tem aproximadamente 30 livros publicados, entre obras de ensaios críticos, crônicas e poemas. Foi editor de vários jornais e revistas de literatura. Nos anos 80 foi redator na antiga revista Cacex, do BB, no Rio de Janeiro. Já publicou em suplementos de grandes e pequenos jornais como O Globo, Jornal do Brasil, Tribuna da Imprensa, Estado de Minas, SLMG-Suplemento Literário de Minas Gerais etc., além de inúmeras antologias no Brasil e no exterior. Além disso, mantém ativo um blog (http://www.joaquimbranco.blogspot.com) e dá palestras em universidades.

Recente publicação
No dia 27 de abril, lançou em sua cidade natal o livro “Totem e as vanguardas poéticas dos anos 1960/70”. A obra conta a aventura de rapazes e moças que, nos anos de 1960 e 70, em Cataguases, fizeram um movimento artístico paralelo a outros que aconteceram no mundo e transformaram os costumes e as artes daquele meado de século.
O movimento artístico citado no livro aconteceu na vida real? Como se deu? Sim. A partir da década de 1960 participei de vários movimentos literários de renovação artística como o Concretismo, o Poema-Processo e a Arte Postal, que se estenderam até a década de 80. Foi a época dos movimentos em grupos de autores. Nossa equipe se denominou “Totem”, nome tirado de um jornal entre os vários que editávamos.
Quais mudanças ocorreram devido ao movimento? Com a participação de grupos (como o nosso) do interior do país, a cultura se permitiu descentralizar mais, saindo a cultura daquele posicionamento elitista e irradiador que havia anteriormente. Foi um período de intenso intercâmbio e atuação independente, apesar da censura imposta pela ditadura. A poesia brasileira começou a ter mais atuação e influência até no exterior.
Planos para novas publicações? Sim, tenho tantos projetos que não sei bem qual será o próximo. Publico constantemente em revistas especializadas e jornais.
Para entrar em contato com autor basta escrever para joaquimb@gmail.com. Através do http://www.joaquimbranco.blogspot.com é possível se inscrever para receber informações sobre literatura gratuitamente.
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