2/07/2014

LEITURA DE POESIA

A leitura de uma obra literária – em especial quando se trata de poesia – apresenta à primeira vista dificuldades e limites a quem se aventura por ela. E não raro as pessoas se sentem frustradas, perdem-se no caminho e interrompem o ato de ler. “Trouxeste a chave?”, perguntaria o poeta Drummond, em sua ‘procura da poesia’.

O poeta-crítico José Paulo Paes, para quem o problema está relacionado a alguns pré-requisitos da parte do leitor, ressalta, em uma entrevista dada à revista Morcego Cego, a necessidade de uma passagem preliminar, na infância e na adolescência, pela chamada leitura de entretenimento. Por exemplo, a obra de Monteiro Lobato e outras que a escola moderna praticamente abandonou.

José Paulo, nessa mesma entrevista, fala de um comportamento mais produtivo para a poesia, salientando que é essencial “uma atenção mais distraída” a quem queira se aproximar do texto poético. E aconselha: “Você tem que se deixar penetrar pela música do poema e por via dessa música chegará à compreensão”(1).

Só após o entendimento “intuitivo”, o leitor estará pronto para tentar uma análise mais técnica e assim chegar à estrutura de um poema. Nessa segunda fase, o conhecimento de teoria literária e de mecanismos críticos para se penetrar na complexidade que toda obra apresenta levará o leitor a uma etapa mais avançada e até fruitiva.

Há algum tempo foram publicados dois livros que podem ajudar o estudioso do assunto. Leitura de poesia, organizado por Alfredo Bosi (Editora Ática), e Poemas para crianças, preparado por Hélder Pinheiro (Livraria Duas Cidades). Ambos – dentro de sua temática e perspectiva particular – reúnem especialistas na leitura crítica e na avaliação de textos literários, e podem nos proporcionar momentos de enriquecimento cultural que nos permitirão penetrar cada vez mais intensamente no mundo da poesia.

1 SANCHES, Miguel. Poética do fronteiriço. In: Rev. Morcego Cego, Florianópolis, 1996, p. 95.

2 comentários:

Anônimo disse...

Joaquim,
Exatamente assim ocorre com a pintura, a escultura e a gravura, as artes visuais enfim.

O expectador precisa de um momento de entrega, de abandono do mundo real, para captar a intenção do autor e gradativamente ir lapidando a sua sensibilidade para penetrar esse mundo e assim passar a admirar as artes visuais.

Em tempo:
Aquele "meu" comentário no seu Facebook, embora com o meu nome não era meu. Quando li a sua réplica, aí vi o "meu" comentário lá. Apaguei e vim comentar aqui.

Ando muito decepcionada com o Facebook!

Bom fim de semana!
Angela Nair

Joaquim Branco disse...

Angela, esse é o seu verdadeiro comentário, por isso estranhei muito o primeiro, que era falso. Infelizmente, o mundo hoje é feito de "fakes" e bobeiras. Teremos que ter muita paciência. Grande abraço, jb