3/15/2025

 

PASSAPORTE PARA FRANCISCO INÁCIO PEIXOTO

Joaquim Branco



O livro de Márcia Carrano “Francisco Inácio Peixoto, Cataguases e o Modernismo”, lançado em 2024 pela Arribaçã (97 páginas), vem suprir uma lacuna para o conhecimento maior deste artista/escritor/educador/visionário para nossa cidade e para o mundo.

Um tímido fechado em seu mundo? Um autor de livros que foi industrial ao mesmo tempo? Um educador apaixonado? Um inovador incompreendido? Um intelectual reservado para uns e extrovertido para outros? Um influenciador das artes na cidade?

Tudo isso fica mais claro com a leitura deste livro que, embora em poucas páginas, consegue abrir clareiras para essas dúvidas e outras mais que poderiam surgir, e a pesquisa da autora – tirada do conhecimento pessoal com Francisco, de dados e arquivos em jornais – veio iluminar com seu texto criativo e atraente.

O sumário do livro mostra os capítulos em que se divide a obra: o autor Francisco Inácio e sua Cataguases; sua pessoa em si; o escritor e sua importância no tempo e no espaço e sua atividade nas décadas de 20 a 80, tudo numa cronologia que destaca sempre a importância de uma atuação marcante na cidade, além da contribuição para a literatura brasileira.

Embora eu conheça muito da trajetória de Chico Peixoto – este amigo admirável –, confesso que alguns dados levantados por Márcia foram surpreendentes para mim, como a passagem com o Padre Antônio, sua interferência em obras e construções em Cataguases, suas escolhas de melhores filmes para o Edgard Cine Teatro e outras.

Explico agora o título deste artigo. Considero a obra de Francisco Inácio Peixoto o “Passaporte proibido”, o melhor roteiro de viagens que já li até hoje. Escrito numa prosa poética e original, o livro conta sua viagem em 1955 às antigas Tchecoslováquia e União Soviética, onde colheu impressões que até já registrei em artigo à parte. A designação “proibido” refere-se ao fato de que, na volta dessa viagem, ele e sua mulher Amelinha quiseram passar pelos Estados Unidos, mas foram impedidos, pois em seus passaportes havia o carimbo de registro de suas passagens por países “comunistas”. O fato é risível, mas verdadeiro.

Por isso, pensei em abrir essas considerações com o título de “Passaporte para Francisco Inácio Peixoto”, para que os leitores o conheçam, agora livre de tudo e para tudo, como ele mesmo gostava de ser.

 

(23-02-2025)

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