PASSAPORTE PARA FRANCISCO
INÁCIO PEIXOTO
Joaquim Branco
O livro de Márcia Carrano
“Francisco Inácio Peixoto, Cataguases e o Modernismo”, lançado em 2024 pela
Arribaçã (97 páginas), vem suprir uma lacuna para o conhecimento maior deste artista/escritor/educador/visionário
para nossa cidade e para o mundo.
Um tímido fechado em seu
mundo? Um autor de livros que foi industrial ao mesmo tempo? Um educador
apaixonado? Um inovador incompreendido? Um intelectual reservado para uns e
extrovertido para outros? Um influenciador das artes na cidade?
Tudo isso fica mais claro
com a leitura deste livro que, embora em poucas páginas, consegue abrir
clareiras para essas dúvidas e outras mais que poderiam surgir, e a pesquisa da
autora – tirada do conhecimento pessoal com Francisco, de dados e arquivos em
jornais – veio iluminar com seu texto criativo e atraente.
O sumário do livro mostra
os capítulos em que se divide a obra: o autor Francisco Inácio e sua
Cataguases; sua pessoa em si; o escritor e sua importância no tempo e no espaço
e sua atividade nas décadas de 20 a 80, tudo numa cronologia que destaca sempre
a importância de uma atuação marcante na cidade, além da contribuição para a
literatura brasileira.
Embora eu conheça muito
da trajetória de Chico Peixoto – este amigo admirável –, confesso que alguns
dados levantados por Márcia foram surpreendentes para mim, como a passagem com
o Padre Antônio, sua interferência em obras e construções em Cataguases, suas escolhas
de melhores filmes para o Edgard Cine Teatro e outras.
Explico agora o título
deste artigo. Considero a obra de Francisco Inácio Peixoto o “Passaporte proibido”,
o melhor roteiro de viagens que já li até hoje. Escrito numa prosa poética e
original, o livro conta sua viagem em 1955 às antigas Tchecoslováquia e União
Soviética, onde colheu impressões que até já registrei em artigo à parte. A
designação “proibido” refere-se ao fato de que, na volta dessa viagem, ele e
sua mulher Amelinha quiseram passar pelos Estados Unidos, mas foram impedidos,
pois em seus passaportes havia o carimbo de registro de suas passagens por
países “comunistas”. O fato é risível, mas verdadeiro.
Por isso, pensei em abrir
essas considerações com o título de “Passaporte para Francisco Inácio Peixoto”,
para que os leitores o conheçam, agora livre de tudo e para tudo, como ele
mesmo gostava de ser.
(23-02-2025)
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