8/31/2007
ASCÂNIO LOPES
8/19/2007
"DIA DO JUÍZO", DE ROSÁRIO FUSCO
PRÓ-TEXTO
Não me abandonarei à fadiga, lançar-me-ei inteiramente na minha novela, ainda que tenha de me cortar no rosto (Franz Kafka)
Texto viu o mar de interjeições à sua frente, e suas letras pulsaram.
Rodeou então e deu de ombros.
Quando é que seria afinal um sujeito sem perspectivas, livre de tudo isso?
Texto queria ser ele mesmo. As palavras dentro do corpo, guardadas, mas os pensamentos dos outros só faziam usar o seu material. Abusando, quebrando palavras, cortando frases, eclipsando verbos, com essas idéias malucas na cabeça, sem construções próprias.
Achava que cada um deveria ter o seu texto, já que de metáforas e símbolos todo mundo podia dispor à vontade. Com isso, seu material estourava sempre, precisava de remendos. Fundia, então, novas locuções ou reconstruía velhas formas, nada adiantava. Texto servia aos outros.
Essas orações sovadas para antigos discurseiros o chateavam mais que tudo. Memorandos e cartas, também. A burocracia procurava utilizá-lo a todo momento.
As novidades literárias é que já eram em menor número: felizmente alguns se cansavam dele; eles queriam fazer filmes, televisão, rádio, novas fórmulas.
Texto ficava aflito ainda com a disposição da maioria em utilizá-lo em histórias intermináveis. Volumes maçudos numa prosa cansativa, com as mesmas palavras, ou estudos e ensaios em mero blá-blá-blá. Poesias aguadas, ficção repetitiva.
Texto sondou suas dúvidas, pensou mais uma vez e substantivou-se. Depois fez-se verbo, e do verbo à carne foi um pulo.
Era um homem. Sentia-se bem assim. Não tinha história, nem tempo. Pronomes e advérbios cresciam à sua frente.
Passava por eles calmamente e de todos os lados eles eram agora enormes edifícios.
8/18/2007
"DONA FLOR", DE FRANCISCO INÁCIO PEIXOTO
8/17/2007
CURTIÇÕES DO SÉCULO XIX
Temas não muito encontrados na ficção do século XIX no Brasil – pederastia, lesbianismo, sexo, violência – vão ser alguns dos ingredientes do caldeirão de O cortiço, de Aluísio de Azevedo, edição da série “Bom Livro”, da Editora Ática.
Dos principais romances do chamado Naturalismo do fim do Oitocentos, O cortiço sacudiu pra valer o conservadorismo da Corte de Dom Pedro II – mais acostumada aos versos de Gonçalves de Magalhães e aos romances de Joaquim Manoel de Macedo –, e fez sucesso tanto de público quanto de crítica.
As cenas vividas pelos personagens do livro no Rio de Janeiro e todo o seu caldo grosso até hoje ressoam nos ouvidos da província natal de Aluísio de Azevedo, o Maranhão. O romance retrata o dia-a-dia das pessoas pobres, nas antigas habitações coletivas denominadas cortiços.
Convivendo ao lado do sobrado – onde residiam os donos do cortiço –, seus moradores são mostrados em toda a crueza possível da época, ressaltando o autor as oposições não só entre os personagens (que são vistos em pares, como acentua o crítico Rui Mourão) como também a “luta” Cortiço X Sobrado, que aparece na trama da estória.
Com este livro, publicado em 1890, Aluísio de Azevedo expressou o Naturalismo no Brasil e, colocando sua lente nas camadas mais desfavorecidas da população, levou de uma só vez toda uma massa de anônimos e oprimidos para a galeria de personagens da literatura brasileira.
A edição, muito bem cuidada, traz, além do texto integral, excelente apresentação do crítico Rui Mourão, uma parte final com material iconográfico com dados do autor e da época e também um suplemento de leitura com exercícios para estudantes de literatura.
(imagem de Aluísio de Azevedo - divulgação)
8/13/2007
"OS PÁSSAROS", DE ANÍSIO MEDEIROS
ASTOLFO DUTRA NICÁCIO
8/11/2007
GRUPO DE TEATRO DA FIC
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