8/09/2025

"DEFESA DA POESIA"


  Que fazer diante de um título desse? A um poeta cabe aceitar e pronto. A outros, haverá poucas exceções.
 
  Mas o interessante é que este livro foi escrito em 1580, portanto em pleno Renascimento europeu e sua motivação foi o clima negativo – pasmem! – em relação à poesia, embora a Europa estivesse preparando um século de grandes nomes em termos de literatura poética, não fora a presença de Shakespeare, Camões, Cervantes e outros.
 
  Escrito por Philip Sidney (1554-1585) – um inglês do condado da Kent que teve estudos universitários e foi um viajante contumaz pela Europa – “Defesa da Poesia” vai buscar no seu tempo e na antiguidade grega conceitos e formas de encarar o tema. A tradução é do professor e crítico Roberto Acízelo de Souza, S. Paulo: Editora Filocalia, 2019, 102 p. 

  É nessa frente que o autor “põe a coroa de louros no poeta, como vitorioso não só sobre o historiador, mas também sobre o filósofo, não obstante o quanto possa a poesia ser questionada como ensino.” (p. 49)
 
  Afirmando que “o poeta, com a mesma mão de deleites, realmente atrai a mente com mais eficácia do que o faz qualquer arte” (p. 52), Sidney discorre sobre as várias formas de poemas. Os que misturam prosa e verso ou temas heróicos e pastoris. E é nesses últimos que constata que desvalorizam a pobre flauta, que retrata os problemas do povo ou a bem-aventurança. Ou quando Dario e Alexandre o grande disputavam a primazia como chefes guerreiros. 

  Fala também da elegia que denota a bondade e as virtudes das pessoas e as boas causas como retratou Heráclito. De outro lado, o poema iâmbico que rejeita a maldade humana ou o satírico ou o cômico, com temas que o próprio nome indica. E finalmente o heróico e o lírico com suas louvações aos grandes feitos e aos casos amorosos.
 
  Termino com a saudação à poesia, que, segundo Sidney, é a mais antiga criação do homem e que sendo universal é cultivada por todos, destacando que “somente o poeta produz o seu próprio elemento, e realmente não depreende um conceito da matéria, mas faz a matéria para um conceito;” (p. 57-58) 

  E, retirando outro fragmento do livro, podemos dizer que ”sua finalidade última é conduzir-nos e atrair-nos para a perfeição tão alta quanto comportam nossas almas degeneradas, feitas piores por suas moradas de barro.” (p. 39)

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