ASSIS, Machado de. Pai contra mãe. In: Contos/Uma antologia, vol.lI. Org. John Gledson. São Paulo: Cia das Letras, 1998, p. 483-494.
11/25/2020
MACHADO DE ASSIS E A CONSCIÊNCIA NEGRA
UM RIO IMITA O POMBA
10/23/2020
SORTILÉGIO
SORTILÉGIO
Joaquim
Branco
Interlúdio?
Magia? Romance? Casos? Histórias?
Por
certo é um Romance, no sentido mais verdadeiro e técnico do termo. Há que se
pesar inclusive a presença da narrativa em capítulos, do narrador ora em
primeira pessoa, ora em terceira, dos personagens e da massa textual bem trabalhada,
em muitos pontos até poeticamente, como se poderá ver nos fragmentos que
coletei.
Tudo
isso enforma o livro ora apresentado: “A perfumista da noite”, de Leila Lúcia
Gomes Martins; como ela diz: “são anos, em uma noite” (p. 16) ou em uma
leitura.
O
romance – e o próprio título antecipa – é
transpassado por fragrâncias tiradas das flores e da vegetação em geral,
impregnando o ambiente, as cenas e até os personagens: “Cada um tem sua
fragrância, mostra Abgail (a protagonista). Cada um é especial!” (p. 18)
Há
fragmentos um pouco mais tocados por um lirismo dosado às vezes mais
marcadamente pela narradora: “Quando se conhece o caminho, tem-se os pés
eternamente tatuados pela felicidade.” (p. 13) Ou em seguida: “Permita-se
abertura para os sonhos; esta é a fórmula. Abrir-se todas as noites, amar-se em
todas as manhãs, tocar-se com todo o sol e por ele e com ele se apaixonar, se
misturar e ser um só.” (p. 13)
Na
preparação do enredo, há toda uma mística com que o leitor pode demorar um
pouco a se acostumar, até o fecho inicial que combina com a noção de dia:
“Assim a manhã se deu por acabada.” (p. 15)
Daí
em diante, surgem um a um os personagens recebidos por Abgail. A primeira é
Maria Soledade. Inicialmente o contato é logo na entrada da estranha na
perfumaria, e vem por meio de perguntas que a perfumista faz para identificar
qual o perfume adequado para cada cliente, pois ela já sabe que precisa
encontrar, com o perfume, a cura para cada pessoa que a procura.
No
capítulo “No país das maravilhas”, tudo parece sonhado e transferido para as
roupas do personagem: “A terceira saia era o céu esmaecendo, e o azul perde-se
no caminho. [...] A cada passo um instante e uma eternidade. Como podem-se dar
tão bem o instante e a eternidade?” (p. 22)
Reflexões
surgem a cada instante, quase sempre através da protagonista: “Sinto mesmo que
pessoas que não acreditam em Deus usam do nome d’Ele o tempo todo para
negociar.” (p. 36)
Ao
final do capítulo 18 – “Culto e oração” – em meio ao litúrgico e o social, o
poético absorve a cerimônia do padre para arrematar: “Entre leitura e
interpretação, esmiúça-se um coração!” (p. 45)
Às
vezes os dias transcorrem normais, mas de repente as coisas mudam; entra alguém
(Justina) pela porta da perfumaria e vem a oportunidade da constatação da
protagonista, como a responder a uma pergunta: “Porque ninguém sofre sozinho.
Porque jamais estaremos sozinhos. [...] Estava agora sozinha e, talvez assim,
muito bem acompanhada.” (p. 55)
Para
cada caso – e esse é o movimento das cenas do romance –, Abgail apresenta uma
solução que pode estar até na noite bem dormida da personagem: “Seu sonho não
acabou, pois eles nunca se acabam, apenas esperam por nós, escondidos nos
travesseiros, e, se não o acolhemos pela manhã, eles aguardarão pela manhã do
dia seguinte, pois sabem que, mais dia menos dia, precisaremos deles e eles
jamais nos faltarão.” (p. 61)
Os
clientes-personagens vão se sucedendo a cada capítulo. Quitéria, à procura do
filho desaparecido, aceita até fazer o impossível, e, com Abgail, entra num
“buraco da parede e dão início à caminhada. O buraco é escuro, mas o caminho é
luminoso. O caminho é sinuoso, cheio de curvas, ora para a direita, ora para a
esquerda.” (p. 70)
A
libertação termina ali mesmo, com a confissão de Quitéria: “Pude sentir que
dentro do portal tinham muitos filhos e não só o meu: não retornei apenas pelo
meu, mas pelos nossos.” (p. 71) O que permite à narradora fechar o capítulo: “O
sol somente não brilhará onde você permitir que a escuridão se instale. Um sol
para Quitéria!” (p. 71)
À
medida que aparecem os desafios, esses vêm sempre em forma da chegada de mulheres
em cada parte da narrativa: “Abgail sugere a Cátia: – Vamos conversar mais e a
nossa paz estará estabelecida. – Nossa paz? – Nossa. – Não tenho paz se você
não a tem.” (p. 75)
Vai
terminando o capítulo com a tranquila Abgail virando-se para Cátia,: “– A
doença não vai abandonar você: você é quem vai abandoná-la, mas sem rancor.”
(p. 77)
Pelos
43 capítulos do romance, desfilam Georgiana, Quitéria, Maria, Nádia, Leonor,
Bibiana, Floroteia e muitas mais, diante das quais a protagonista apresenta
soluções mágicas para as dores de cada uma: “E o que é o Mal? As sombras! As
dores! As mentiras! As humilhações! As dúvidas! Os braços cruzados e a falta de
braços! As portas fechadas! As portas fechadas e a necessidade crucial de
entrar. Os lábios cerrados e a guerra que por um sorriso poderia cessar.” (p.
88-89)
A
mulher “segue até o rosto e então por algum tempo se energiza para socorrer a
mulher que aguarda por ajuda. Seca as mãos e o rosto na fina tolha de linho
branco com bordados de crivo da mesma cor. Retoca o batom cor de boca e segue
para a batalha de moldura bíblica”. (p. 106)
São
marcantes as saídas encontradas na narrativa, como esta que se vale novamente do
componente poético em som e ritmo: “Temos um barco, temos remos, o mar está
calmo, o vento sopra a favor e o sol é nosso convidado. Só nos resta aprender a
navegar.” (p. 109)
O
ponto alto do livro é o capítulo 38, que narra o encontro mais esperado ou
mesmo inesperado entre a protagonista Abgail e seu marido. Trata-se da
renovação para valer de uma relação desgastada e que aí ressurge e torna-se
plena. Abgail e Pedro Henrique vivem uma noite de redenção, que a narradora sintetiza
nestas palavras: “...e o sol, pretendendo se eternizar nesse instante, não
perde a oportunidade. Tatua-lhe no tórax o calor das horas. O sol se emociona
em fazer parte dessa história. Então foi escorregando de mansinho e assim dá a
luz a outra história, do outro lado do mundo.” (p. 140)
Os
capítulos finais são reservados para a morte da narradora, o que repercute
fisicamente no livro que agora tem as páginas totalmente brancas como se
estivesse pronto para o início de uma nova obra.
Abgail
morre aos 93 anos e aplaude a autora Leila Lúcia Gomes Martins, terminando
assim o romance metalinguisticamente: “Eu não poderia faltar a este encontro.
Porque deste encontro eu fui apenas o elo, mas precisava estar lá. Abigail
ainda possui os braços repletos de sementes. Ainda bem que hoje tem sol!” (p.
150)
10/10/2020
PASSAGEM PARA A MODERNIDADE - lançamento de livro - 7 setembro 2002
O livro "Passagem para a Modernidade" teve seu lançamento no dia 7 de setembro de 2002, no Instituto Francisca de Souza Peixoto, em Cataguases MG, em conjunto com o livro de Luiz Ruffato, "Os ases de Cataguases". Capa de Dounê Spinola.
"Esta obra vem preencher uma
lacuna nos estudos de Literatura Brasileira, ao trazer à tona a memória do
movimento Verde, que revolucionou o pensamento estético dos anos 20 no interior
mineiro, estendendo-se além das fronteiras nacionais.
A significativa presença do
movimento Verde, nascido em Cataguases, no interior de Minas Gerais, até os
nossos dias, ali vem desencadeando várias outras tendências estéticas e
culturais, revelando uma face antagônica desta cidade-monumento da modernidade.
Nestas páginas, Joaquim
Branco recompõe os momentos significativos da história do pensamento
modernista, nascente nos anos 20, em Cataguases, pacata cidade que marcou
presença nessa “passagem” para uma nova história do pensamento artístico e
literário brasileiro e universal. (....) "(Francis Paulina, ensaísta e professora aposentada da UFV - Universidade Federal de Viçosa)
10/04/2020
TRIBUTO A AFFONSO ROMANO DE SANT'ANNA
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Professores recepcionam o autor |
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Joaquim Branco e Idalina de Carvalho justificam a importância da vinda do escritor |
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Affonso entre intelectuais |
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Almoço em homenagem ao autor |