11/02/2012

PRIMAVERA INDÍGENA

(desenho de Ariana)


Massacre do sonho guarani.
Mais saques no canto bem aí.

Índio: – Toda a terra era minha.
Fazendeiro: – Eu cheguei primeiro.
Guarani: – Mas eu já tava aqui.
Fazendeiro: – Ri melhor quem ri por último.

Federação Racional do Ímpio – Fundai.

Índio: – Ensinei o branco a tomar banho.
Fazendeiro: – Não penso em coisas de antanho.

Regularização de terras indigentes.

Índio: – Mortes não apuradas.
Fazendeiro: – Sorte não invejada.

Remarcação de preços na reserva.

Índio: – Aqui é a morte coletiva.
Fazendeiro: – Aqui é o corte seletivo.

Comissão de Rejeitos Humanos.

Índio: – Morreremos por nossa terra.
Fazendeiro: – Enterraremos em sua própria serra.


02-11-2012

2 comentários:

Anônimo disse...

Joaquim, adorei a "Primavera Índígena", devo confessar tenho uma suave simpatia pela rima. Achei um charme!...
Angela Nair Ribeiro da Silva

Joaquim Branco disse...

não há poesia sem música, às vezes rima. Gosto de fazer essas rimas em sintagmas ou em blocos. Obrigado pelas suas considerações sobre o poema.