10/03/2009

CAMILO SOARES - CENTENÁRIO


CAMILO SOARES,
O POETA-PEREGRINO

Neste ano, comemora-se o centenário de Camilo Soares de Figueiredo Junior (1909-1982) que nasceu a 13 de agosto em Eugenópolis (MG) e é considerado um escritor cataguasense, por haver participado do Movimento Verde. Por volta de 1926, já estava estudando no Ginásio de Cataguases, época em que assinou poemas nos jornais O Estudante e Mercúrio. Terminado o ginásio, Camilo, ainda em pleno curso da revista Verde que ajudara a criar em 1927, foi para o Rio de Janeiro para estudar Direito. Em 1935, já formado, transferiu-se para Manhumirim (MG), depois São Paulo, Rio, e em Carangola (MG) conheceu Maria Melânia, com quem teve a filha Lúcia.
Passou a residir em Belo Horizonte, em 1946, onde trabalhava como inspetor de ensino superior.
Em 1951, transferiu-se para São Paulo, de onde mantinha correspondência com intelectuais: como João Cabral de Melo Neto, Vinicius de Morais, Bueno da Rivera, Emílio Moura e outros. Lá trabalhava como redator de verbetes sobre literatura na editora da Enciclopédia Jackson e como repórter do jornal A Época. Escreveu contos para a revista Manchete, do Rio. Continuou acumulando as funções de inspetor de escolas em São Paulo, Paraná, Mato Grosso e Paraíba.
Sofria de enfizema pulmonar, e morreu em São Paulo em 1982.
Sua primeira contribuição literária foi publicada no Mercúrio, jornalzinho dirigido por Guilhermino Cesar. É o poema “Rua”, também o primeiro do grupo Verde a sair naquela publicação em 1926. Tem marcas do Modernismo, antecipando-se aos demais membros do movimento, pois trata-se de um trabalho inteiramente fora dos padrões da época. Faz parte da estética moderna, ao manter uma linha de contenção lírica e de hábil exploração do cotidiano. A temática da rua é uma das conquistas da modernidade, preconizada por Baudelaire ainda no século XIX, e estudada por muitos teóricos do século XX.

RUA
Terça-feira
de confeti.
Na esquina
um moleque assobia a Gigolette.
Pela rua
deserta,
de luz incerta
passa um automóvel.
O vento
– telegrama do infinito
anuncia que a chuva
rompe no céu muralhas de granito.
Cismo
encostado na minha tristeza...
(... esta rua silenciosa
é a minha rua,
a rua da minha vida,
triste rua sem beleza...)
(o desenho é do pintor Di Carrara)

Um comentário:

Anônimo disse...

Parabéns. São tantos esquecidos na nossa História, na nossa Cultura, que podemos falar verdadeiramente de uma "Literatura do Esquecimento".

Abraços
Teócrito Abritta