
DO SERMÃO DA MONTANHA AO COMPUTADOR
JOAQUIM BRANCO
Mais uma vez as professoras e teóricas de literatura Marisa Lajolo e Regina Zilberman se unem para uma empreitada em torno da leitura e do discurso literário. Depois de uma série que conta A formação da leitura no Brasil (1996), Do mundo da leitura para a leitura do mundo (1999), O preço da leitura (2001), Histórias de quadros e leitores (2006), todos inestimáveis contribuições à cultura brasileira, desta vez o trabalho intitula-se Das tábuas da lei à tela do computador – a leitura em seus discursos (Editora Ática, 176 páginas, 2009).
Dividido em 10 capítulos, com apresentação convidativa de Carlos Vogt, este novo livro traça um vasto e apurado painel que começa com “A arqueologia da leitura” e termina com “A letra da lei no Livro dos Livros”, englobando temas como a leitura digital, oralidade e escrita, a escrita das cartas, o feminino, a escola, os jornais e o texto bíblico.
A pesquisa contém informações preciosas sobre o tema em suas variadas acepções, e os dados obtidos são tão pertinentes e curiosos que fica difícil destacar um capítulo. Mesmo assim, chamo a atenção para o capítulo nº 5 – “Cartas de amor são ridículas?”, em que as autoras se concentram nos tempos da tragédia grega e do poeta latino Ovídio – e para o de nº 10 – que comenta as Sagradas Escrituras, acentuando o cruzamento de discursos entre o Senhor e seus profetas.
A fluência e o caráter agradável do texto de Marisa Lajolo e Regina Zilberman conduzem-nos a um universo de informações dificilmente encontrável em um pequeno volume de menos de 200 páginas, tornando-o leitura indicada não só para estudantes e professores de Literatura, como também para todos os leitores.