Pela segunda
vez, Fernando Abritta participa da Lei Murilo Mendes, da Funalfa em Juiz de
Fora, e desta vez para produzir uma obra singular, em duas versões: uma escrita
e outra falada, já que se trata de um audiobook (o livro mais um CD com as
falas do texto). O livro infantojuvenil intitula-se “O caso da menina que
perdeu a voz”.
Outra
novidade: Fernando criou os desenhos e depois estes foram bordados em ponto-
cruz e em cores, por Josenira Correa, Lígia Maria Soares e Lígia M. Quaglio, e,
a seguir, fotografados por Kempton Viana. Assim, o resultado plástico-visual
deixa entrever a ilusão de uma gramatura especial para a visão do leitor.
A boa
apresentação de Antonio Jaime completa o trabalho, realçando o roteiro das
aventuras e as características da história.
No enredo, os
personagens – crianças e bichos – saem em busca da voz que a Menina perdeu,
numa viagem aflita e solidária, e passam por muitas reviravoltas e situações.
Pelo caminho, outros personagens vão contando histórias imaginosas ao correr
dos obstáculos vencidos, e frases bem achadas refletem o nível do texto, que
“sobe” nesses momentos poéticos:
“Será que existe um lugar onde as
vozes se escondem? Moleque com a boca cheia, respondia: – Vozes ou palavras?”
(p. 18)
“Eu conheço uma árvore onde tudo
fica guardado” (p. 19)
“Era cajueiro nas folhas e
galhos. Não era cajueiro porque dava mangas, abacates, caquis, toda espécie de
frutas, todas maduras e saborosas” (p. 21)
“Passeou ouvidos nos cantos dos
pássaros.” (p. 21)
“Precisamos achar a voz perdida.”
(p. 22)
“Lá todos os tempos são no
presente. Lá tem sol e chuva no mesmo momento. Lá, o vento permite voar até
onde falta ar, bem perto de Deus.” (p. 23)
“E o vento leve soprando rostos
dos garotos, penteando cabelos.” (p. 26)
“Na Montanha não havia sinal
algum da voz de Menina. A única coisa parecida com uma pista era a frase.” (p.
27)
A metáfora –
no seu aspecto mais genérico – enforma o discurso ficcional de Fernando
Abritta, neste “O caso da menina que perdeu a voz” e as vozes de que se utiliza
o texto literário podem, no fundo, representar a própria procura do autor como
representação metalinguística da obra.
A voz que se
perde e se quer reconquistar, a fala que faltou ou que desapareceu no tempo, a
essencialidade do discurso para o homem – tudo isso importa muito e constitui o
sentido metafórico que o autor procurou tematizar neste livro pleno de ação e
criação.
Em Cataguases, o lançamento será no dia 7 de junho de 2013, a partir de 19 h, na Chácara D. Catarina. (foto do autor: Paulo Gama)
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