5/22/2013

IDOS DE 1930 – FICÇÃO E POESIA


Henriqueta Lisboa


Recebi, para opinar, Literatura brasileira – 1930, organizado por Andréa Sirihal Werkema, José Américo Miranda, Maria Cecília Boechat e Silvana Maria Pessoa de Oliveira, contendo ensaios de diversos professores-autores acadêmicos (Editora UFMG). São trabalhos ensejados pelo II Seminário de Pesquisas em Literatura Brasileira, promovido pela Faculdade de Letras da Universidade Federal de Minas Gerais.

Pelo título, se vê que a abordagem é a segunda fase do Modernismo que se convencionou chamar “Romance de 30”, mas o volume é mais abrangente em todos os sentidos e compreende também a poesia que se produziu naquele período.
Portanto, trata-se de um trabalho imprescindível a quem quer ter uma minuciosa análise das obras e autores da época.

Divide-se o livro em três partes: “Ficção de 1930”, “Intervalo lírico” e “Poesia de 1930”.
Na 1ª, surgem os grandes ficcionistas: Graciliano Ramos, Oswald de Andrade, Lúcio Cardoso, Cyro dos Anjos e Eduardo Frieiro, sem deixar de comentar sobre os demais autores do ciclo. A 2ª e a 3ª parte relacionam poetas que se distinguiram: Drummond, Jorge de Lima, Henriqueta Lisboa, Murilo Mendes e outros.

O livro começa bem com o artigo de Luís Bueno abordando a “Divisão e unidade no romance de 30”, numa bem formulada colocação do problema, ao comentar, entre outros itens, sobre a divisão dos romancistas em intimistas e sociais e o seu realismo focado em 1ª e 3ª pessoa, para concluir por uma unidade e uma tensão em que as linhas de ambas tendências se mesclam no que ele chama de “embaralhamento”.

Chamo a atenção também para o texto de Ângela Vaz Leão, sobre “Henriqueta Lisboa em mais de uma voz”, quando se misturam as vozes da amiga e admiradora com a da crítica literária para compor um retrato muito pessoal e ao mesmo tempo verdadeiro de uma poeta tão pouco valorizada no Brasil.

Em “Jorge de Lima: a fé e a febre da poesia”, Raimundo Carvalho fala de um poeta pouco analisado no país e que merece estar entre os primeiros do Modernismo pela “abertura de novos territórios poéticos” (p. 303). Pena que o ensaísta não se aventurou pela obra mais importante de Jorge de Lima – Invenção de Orfeu. Mas isso demandaria outro ensaio crítico.

Não caberia aqui comentar sobre todos os ensaios do livro, portanto ficam essas  considerações mais como aperitivo para a leitura maior dos demais trabalhos desta significativa antologia crítica da Editora UFMG.

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