1/14/2025

UM POUCO DE CELINA FERREIRA (1928-2012)

 


Recebi ontem o livro “Rio do sono” (Garoupa Editora), obra póstuma de Celina Ferreira, enviado por sua filha Márcia. Como não lembrar desta grande poeta que nasceu em Santana de Cataguases (então distrito de Cataguases) em 1928.

Aos 4 anos de idade sofreu um acidente que lhe prejudicou uma das pernas, causando-lhe problemas físicos por toda a vida. Viveu um tempo em Cataguases, onde lecionou, transferindo-se depois para Belo Horizonte, e ali se tornou assistente social.

            Casou-se aos 27 anos e transferiu-se para o Rio de Janeiro; teve 4 filhos e tornou-se escritora de certo prestígio por sua poesia de grande poder expressivo. Trabalhou na Rádio MEC, no Jornal do Brasil e na TV Tupi, como redatora.

            Autora premiada com o Prêmio de Literatura Infantil do Estado da Guanabara, em 1971 e o Prêmio Brasília de Literatura Infantil e Juvenil e o Prêmio Fernando Chinaglia, em 1978.

Sua obra foi muito pouco divulgada, o que não a impediu de receber referências positivas de Manuel Bandeira, Guimarães Rosa, Carlos Drummond de Andrade, Artur da Távola, Affonso Romano de Santana e outros grandes escritores. Seu nome hoje figura entre grandes vozes femininas da poesia brasileira como  Henriqueta Lisboa e Cecília Meireles.

Dela disse Manuel Bandeira em “Estrela da vida inteira”: “Não me tocou levemente:/ tocou-me fundo,/ Celina, a tua poesia,/ que me tornou para sempre/ seu cúmplice.”

Obras:Espelho convexo” (1973), “Hoje poemas” (1966), “Invenção do mundo” (1958).Nave incorpórea” (1955), “Poesia de ninguém” (1954) e outros.

Com sua morte em 2012, a família providenciou a remoção do corpo para Cataguases (a seu pedido) que foi velado na capela do cemitério no dia 7 de agosto. Transcrevo a seguir um poema, que pode dar um pouco da dimensão artística de Celina Ferreira:

 

FLOR SOZINHA

 

Que flor é aquela

na beira do rio?

Ninguém a descobre

na beira do rio.

A flor é sozinha,

parece comigo.

 

Na beira da vida

também vivo só. (“Hoje poemas”, p. 31)





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