12/03/2023

O POEMA QUE VIROU MÚSICA

O POEMA QUE VIROU MÚSICA Joaquim Branco. A Arte quase sempre nos engana, ou melhor, percorre caminhos inauditos, até inimagináveis. Assim aconteceu com o poema “Certeza da morte”, escrito provavelmente em 1928 por Ascanio Lopes (1906-1929), em apenas 6 versos, e incluído pelo autor na série “Sanatório”. Ascanio estaria internado numa clínica nas proximidades de Belo Horizonte, em tratamento de tuberculose, na época uma doença incurável. Seu sofrimento perpassa vários poemas premonitórios e de preparação para sua morte aos 22 anos. Pois eis que esse poema ficou mais ou menos inédito até 1967, quando o poeta-crítico Delson Gonçalves teve a feliz ideia de editar um livro com a obra de Ascanio acompanhado de preciosos comentários críticos e biográficos. Praticamente essa edição foi a que fez chegar até nós, cataguasenses, a obra de Ascanio Lopes. Agora, muitos anos depois, um trio se reúne e transforma “Certeza da morte” em música: Vanderlei Pequeno (música), Juca Fusco (voz) e Ezequiel Sabino (arranjos) realizam um trabalho digno de Ascanio Lopes e com rara sensibilidade nos entregam o poema revisitado musicalmente. Eis o poema: CERTEZA DA MORTE Ascanio Lopes. Eu sei... Eu sei... Mas não choro, nem clamo. O pranto é amargo e inútil e meu clamor não alcançaria o céu. Nem desespero: de nada vale o desespero, ante as coisas irremediáveis.

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