INCONFIDÊNCIAS POÉTICAS
Rola o tempo da gastança
em que a abundância do ouro
fazia antes as despesas del rei,
e dos governadores da província
das Minas e dos comerciantes.
Ainda chora Marília de amores
perdida pelo Ouvidor
de dores poéticas nas esquinas,
becos e descidas de Vila Rica,
esquecidas na beleza de Bárbara
que fazia os encantos de Alvarenga
com sua arenga de doutor das leis.
“Bárbara bela/ do norte estrela
que meu destino/ sabes guiar....”
1200 arrobas anuais do quinto do ouro
vão para Lisboa em caixotes
mas o ouro acabou, disse o minerador.
Enquanto as colônias inglesas da
América
mal disfarçam sua vitória,
a nossa inglória terra paga
ainda os impostos com o que não tinha.
Fantasmas do Marquês de Pombal
e Cláudio Manuel cochicham nadas
na Casa de Ópera de dona Josefa
e veneram uma relíquia sagrada.
Muitos escondem os diamantes no
contrabando,
em troca do silêncio dos Dragões do
Regimento.
Reuniões em salas secretas se fazem
enquanto Silvério os troca por
míseros réis
e Gonzaga espanta o medo no favor
amoroso de dias futuros e fagueiros
e Marília sonha com o poeta-pastor.
De repente, o sublimado passou
o sonhado, e o esperado não virou
ato.
E Tiradentes?
Este, coitado, teve o maior castigo
e a maldição dos muitos inimigos.
21-04-2023
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