7/21/2020
VIVENDO COM OS CLÁSSICOS
Há 13 anos, atraído pelo título, adquiri num sebo o livro: "A arte de viver ensinada pelos clássicos". A menção do nome do organizador me indicava a qualidade da escolha: José Paulo Paes, poeta e crítico credenciado.
(Epicuro, in obviousmag.org)
Essa é uma antologia reunindo 15 escritores considerados clássicos, do século VI A.C. (o chinês Confúcio) ao século XIX (o norte-americano Emerson).
Comecei aprendendo na apresentação, onde vi que o tema não era nem a "dolce vita" dos italianos, nem o que consta dos manuais de auto-ajuda atuais.
O foco dessa arte de viver é a vida simples e feliz, longe da ostentação e do excesso de prazeres do corpo. É o que Schopenhauer denominou Endemonologia, que em grego significa tratado da vida feliz.
Logo nas primeiras páginas fui levado ao mundo dos clássicos desde 500 anos antes de Cristo aos pensadores do século XIX, passando pelos gregos Epicuro (século IV A.C.)l Plutarco (século I A.D.), os romanos Cícero (século II A.C.), Sêneca (século I A.D.), o troiano Epícteto (século I A.D.), e ainda pelo francês Montaigne (século XVI) até o norte-americano Emerson (século XIX) e outros.
(Plutarco, in vegazeta.com.br)
Nesta antologia, José Paulo Paes reuniu textos essenciais que tornaram a leitura uma viagem pela inteligência clássica de todos os tempos, como um roteiro para a felicidade, como está na "Moralia" de Plutarco: "Os jarros das coisas boas e más não estão depositados na soleira de Zeus mas na alma". (p. 92)
Na "Ilíada", quando Aquiles diz: "dos Aqueus de brônzea armadura nenhum me iguala – acrescenta – em batalha; em conselho outros me superam" (p. 90)
No excerto 182 de "O festival da vida", perguntaram a Epícteto: – Qual é o homem rico? Respondeu ele: – O que está contente". (p. 119)
(Epícteto, in frasesfamosas.com.br)
Este que nasceu em Troia e foi um escravo romano tornou-se depois professor de filosofia sem muita surpresa, pois sabe-se que foram os escravos gregos que ensinaram aos seus senhores os princípios da arte e da filosofia.
Outro grande pensador foi o romano Marco Aurélio, que viveu no século II A.D. e chegou a ser imperador de Roma. Na "Fortaleza interior" aconselhava: "Os homens procuram retiro no campo, à beira-mar, na montanha, e tu também tens o hábito de desejar tais coisas. Mas és insensato, pois pode à hora que te aprouver te retirares para dentro de ti mesmo". (p 125)
(Marco Aurélio, in estoico.com.br)
Posso terminar com um conselho essencial: "Perguntado sobre qual a melhor maneira de se mortificar um inimigo, respondeu Epícteto: "Tomando a decisão de viver a mais nobre das vidas". (p. 114)
Ou ironicamente com este conselho final também do mesmo autor: "Se te disserem que alguém falou mal de ti, não te defendas do que foi dito, mas responde: – Ele decerto não sabia dos meus outros defeitos, senão não teria mencionado apenas esse!" (p. 117)
(as imagens foram posterizadas por mim)
(21-07-2020)
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