8/28/2012

AS VISITAS DE UM BRITÂNICO ILUSTRE

(Na foto, o crítico inglês John Gledson em palestra na UERJ, em 2006).

John Gledson é um brasilianista inglês que descobriu a nossa literatura e suas pesquisas deram bons resultados.
Inicialmente veio ao Brasil para estudar a obra de Carlos Drummond de Andrade resultando no livro Poesia e poética de Carlos Drummond de Andrade. Apaixonou-se tanto pela literatura brasileira que resolveu ir à base, ninguém menos do que Machado de Assis. Novamente acertou o inglês, que não para mais de estudar esses dois autores fundamentais, um da época do Realismo, outro do Modernismo.
E agora nos surpreende com Machado de Assis - ficção e história (Editora Paz e Terra) e Influências e impasses - Drummond e alguns contemporâneos (Companhia das Letras).
O primeiro toque de Gledson está no seu estilo de escrever: rodeando o tema, vai cativando o leitor por meio de uma escrita simples e envolvente, em que estudado e estudioso se veem lado a lado, e literatura e história vão recebendo paulatinamente tintas e cores vindas do ficcional e da pesquisa que o tempo e o espaço fornecem.
No livro sobre Machado, várias considerações me chamaram a atenção, especialmente as que partiram da ‘descoberta’ do romance Casa velha (1885), obra situada entre Brás Cubas (1881) e Quincas Borba (1886) e à qual a crítica brasileira nunca deu maior importância.
No tocante ao livro sobre Drummond, Gledson se aventurou num terreno em que nossos críticos pouco pisaram: o do comparativismo e das influências, o que torna sua pesquisa mais interessante e diferenciada. O crítico busca autores nacionais e estrangeiros que tiveram alguma parcela de contribuição na obra do poeta de Itabira, de Bandeira a Cabral, de Jules Supervielle a Valéry.
Os caminhos seguidos e as marcas deixadas aqui e ali por poetas, bem como o desempenho e o aproveitamento de CDA são ‘perseguidos’ pelo pesquisador com minúcia de detetive e mãos de conhecedor da matéria, num trabalho que, aos olhos do leitor, qualifica ainda mais as obras de Machado de Assis e Carlos Drummond pelo que elas têm de universal e – por que não dizer? – de eterno.

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