1/22/2011
CHRISTÓPHORO FONTE BOA
O ÚLTIMO DOS VERDES
Joaquim Branco
Já tinha desistido de conseguir maiores informações sobre o escritor Christóphoro Fonte Boa. Foram anos de procura em jornais, universidades, bibliotecas, até no Arquivo Mineiro fui buscar fontes. Ninguém sabia do nosso poeta.
E eis que agora obtive uma pista por meio do amigo e professor de Geografia Marcos Mergarejo Netto, com quem falei de minhas preocupações acerca daquele que era o mais ‘misterioso’ dos membros da revista Verde. Marcos conseguiu o número de telefone de um sobrinho de Fonte Boa, o advogado Válter Bueno Fonte Boa, residente em São Gotardo. Através do Válter cheguei a dona Veralice Fernandes Fonte Boa, uma sobrinha com quem Christóphoro conviveu em Juiz de Fora antes de morrer em 1993. Em breve, pretendo ir a Juiz de Fora para uma entrevista com dona Veralice.
Por enquanto, revelo os dados que consegui com a prestimosa colaboração do dr. Válter e de dona Veralice.
Christóphoro Fonte Boa nasceu em São Gotardo (MG) a 29 de agosto de 1906, filho de Sebastião Lopes Fonte Boa e Firmina Alves da Silva.
Fez os primeiros estudos em São Gotardo e parte do curso ginasial em Ouro Preto, concluído no Ginásio de Cataguases. Trabalhou em ambos como inspetor de alunos.
Em 1927 participou do Movimento Verde.
Em 1932, concluiu o curso de Direito na UFMG, em Belo Horizonte, e exerceu o jornalismo no Diário de Minas.
Pertencia à Academia de Letras de Juiz de Fora e escrevia no Diário Mercantil, quando residiu em Juiz de Fora. Morreu em Juiz de Fora em 1993.
Deixou o livro Eu, tu e a quarta dimensão, edição particular e fora de comércio.
Com o título sugestivo de “O sol na prosa”, transcrevo um poema de Fonte Boa que vale também pelas imagens de um cotidiano brincalhão retratando a capital mineira:
O SOL NA PROSA
Em Belo Horizonte em junho
o sol pela manhã não
é pau não.
(Se fosse em Ouro Preto as
lagartixas se espichavam
pra fora dos buracos
nas pedras centenárias)
Ao meio-dia não é de
todo católico debaixo
do braço dos transeuntes.
Mas às quinze é banzão.
nas sombras compridas
das árvores redondas.
Por que então aquele
homem varapau de
guarda-sol ou chuva
na paisagem mineira?
Fontes: revista Cidade das Letras, da Academia de JF, de 31.05.1945, p. 39; Poesia em Juiz de Fora (coletânea) - Projeto Documento - Pesquisa: Dormevilly Nóbrega – FUNALFA - 1981
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9 comentários:
É muito interessante esse resgate dos poetas da Verde. Isso faz com que não se esqueçamos desses grandes escritores e precurssores de uma Literatura própriamente de Cataguases, e Christóphoro Fonte Boa foi um dos participantes dessa grande maravilha que foi a Verde. Espero que você consiga resgatar pelo menos uma parte não que seja tudo, mas um registro mais sólido desse poeta verdiano.
Obrigado, Joaquim, por manter este oásis de cultura cataguasense e universal.
Parabéns pelo homem de ação que você é. Continue a inspirar-nos, por favor.
Prezado Joaquim Branco: Bela pesquisa. O tempo vai passando e apagando estas informações.Fonte Boa foi colega de turma de Oswaldo Abritta no curso de Direito, conforme o livro "Um Homem Plural" publicado por Luiz Carlos Abritta.
Valeu, Joaquim, por resgatar "verdes lembranças" da maternidade poética de Cataguases. O teu reflexo nos impulsionam a sonhar e buscar verdes caminhos.
Caro professor Joaquim Branco, podemos ouvir, ler, saber sobre a Revista Verde e a sensação que tenho é que nunca teve um fim. Gostaria de saber o porquê Christóphoro era o mais "misterioso" dos membros da R.V. dentro daquele ano de 1927? Talvez por ausência de contacto mas sentimento de sua expressão? Não me digas que somente por conta do nome!? (:))...
Obrigado,
Thiago nunes.
Christóphoro Gente Boa!
Joka, sempre mandando bem no garimpo.Trabalho de muita grandiozidade e amor.
Utilidade pública!
Christóphoro Gente Boa!
Joka, sempre mandando bem no garimpo.Trabalho de muita grandiosidade e amor.
Utilidade pública!
!salve joaquim branco,
belo trabalho, tá o blog!
parabéns!!!
!salve joaquim branco,
belo trabalho, tá o blog!
parabéns!!!
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